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lentes que nos separam

Quando as luzes partem

Começou quando cobriu quase o país inteiro em luto após matar a mãe em uma jogada inesperada. Um apagão sobre as cidades dominadas por hordas de sombras. As ruas banhadas pelo neon das estrelas, que além de brilhar mais forte, cobriam com o fogo anunciado os morros da cidade.

Num descampado, no desertoFoto-A0354 banhado pelo vento e os barulhos da noite, se estivesse de olhos fechados, poderia sentir o estremecer da terra em exclamações quando o mundo, em sequência, começou a apagar. Mas, de dentro da sala escura, feito quem se prepara para o luto, o som seco da lâmpada de projeção já queimada anunciando o fim, suposto presságio do melodrama vindouro.

Daqui de cima, o abismo superior. Todas as ilhas esquecidas e entregues às sombras de uma noite completa. A exaltação periférica dos que olham para o horizonte e, no além mar, com mais clareza se distingue o infinito do abismo. A rodovia flutuante. As pontes não esquecem os que transitam. As pontes não existem quando o mundo apaga. Daqui de cima, nos morros da cidade, tudo brilha mais devagar.

No trânsito desarticulado o clima noir deposto pela chuva torrencial que varre a cidade e despista a desesperança num final convencional. A mesma chuva. Música para os créditos finais.

extra! extra!

haroldo cometeu orkutcídio.

acompanhe aqui a maratona que se inicia agora. 15 dias na vida de uma pessoa sem orkut e suas limitações. o final desse história você confere no UniversoUfes – Lab. do Curso de Comunicação Social da Ufes daqui há três semanas.

desgosto: textos e textos perdidos com essa tranferência de blogs.

metâmeros

1
Foi deixando a casa desarrumada pra você se ressentir que parti, novamente cidadão disso tudo que você costumava xingar de mundo, esses tantos obséquios que me incomodaram por tanto tempo e por tanto tempo me mantiveram preso a um cativeiro. É como todos diziam, seu apartamento é muito francês – Não dá a impressão que estamos em um daqueles sobrados de Paris? – todos que não foram a Paris diziam. E assim, eu não conseguia me desgrudar, desprender minhas mandíbulas de cada centímetro azulejado do apartamento, dos espaços ventilados durante todas as horas do dia; diariamente ventilados, mesmo no Centro. Enfim, uma hora tive que partir. Não dei a mínima para a sacanagem que se instalava no quarto, não fiz questão de recolher um rascunho, de buscar os tantos diários que acumularam tudo isso que minha mãe chama de falta de juízo. Fui, simplesmente fui, deixando levar pela brisa que atravessou a porta comigo. Continuar lendo

onde andará
primeira edição de dulce veiga bem posicionada na minha coleção.
festa!

herbáceo.
(as flores o engoliam)

Despertou assustado com o florescimento repentino das margaridas por todo corpo, pelo quarto. Sentia o néctar das flores invadir todos os poros – pêlos e sentidos. Estava imóvel, assustado, permaneceu na cama e deixou-se levar pela confusão mental que as flores faziam sentir. Os badulaques do quarto, as páginas dos livros, todas as letras se transformavam em pétalas de sabor amargo, sabores naturalmente apaixonantes.
Via o corpo transformar-se numa imensidão branca. Um corpo branco com bolas doces e amarelas, macias. Aflito, em uma onda de desespero, tentou arrancar as pequenas margaridas do corpo, margaridinhas, como as da infância, uma vingança. Tentava extraí-las, arranhava a pele extraindo às raízes. Doía, doía muito todas as flores arrancadas, os pêlos controversos, o acolchoado, o corpo agora era mais macio, cheiroso e fresco; debilitado, todos os movimentos faziam doer. Não conseguia, cresciam continuamente, acima sempre, sempre acima, incessantemente, como advérbios, os gerúndios que rodeavam a cabeça. Os tentares, não conseguia. Simples. Continuar lendo

Dionías, Samanta, o namorado

Dionías, chamava-se Dionías. Samanta imaginava a conversa da tarde que há pouco terminara, tentava rememorá-la para traçar um perfil bem definido das caricaturas que foram traçadas pelo tal profeta. Pensou e não descartou a hipótese da mãe de Dionías ter tido alguma inspiração bíblica para o tal nome tão sugestivo; parecia nome de profeta e andava tão mal intencionado como um. Sorrateiro e cheio de malícia aproximou-se da dupla que ainda apertava o baseado, protegidos pela sombra da pedra, pelo barulho do oceano contorcendo-se na areia e nas rochas escaldadas.

O casal andava cheio de dúvidas, ela na psicologia, ele prestes a desistir do direito. Cotidianamente sentavam-se à beira da praia para conversar, dissuadir alguns sonhos e quem sabe pensar em um futuro concreto e inesquecível. Haviam chegado há pouco, não mais que dez minutos: primeiro abraçaram-se e se beijaram nervosamente; nele, as marcas deixadas pelo último relacionamento ainda sangravam; nela, o vazio dos dias acalentava a insensatez da escolha, do casual para o casual, era só mais um, prestes a explodir de paixão, pronto para um novo amor, ela embalada pela indiferença. Tinha bastante fé, acreditava que a maresia acabaria levando o namoro para outros rumos, não a trairia. Para ele bastava o sonho. 

Segure bem na ponta, não, não deixe molhar, cuidado com a saliva, puxe bem, bem fundo, bem fundo, agora segure,  segure      segure                      segure; isso, agora pode soltar – lágrimas nos olhos. Foi nesse momento que Dionías sentou-se ao lado de Samanta.   

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A procura

                                                                       

Bem, não sei se resistirei mais uma semana tentando em vão baixar essa merda de filme. Final de semana em Minas melhor que o esperado, nenhuma escrita, nenhuma leitura, hoje foi dia de O Sol é Para Todos, Scout, Dill e Jem. Uma tarde razoável.

Tempestade Brian

Brian, segura sua caneca em uma das mãos tão ocupadas em interagir, em se preocupar com os tantos cigarros acesos e cheios de ondas e novos amigos imaginários.